A doença celíaca (DC) afeta aproximadamente 1–2 % da população mundial. Na Argentina, seu diagnóstico precoce ainda é um desafio. Neste contexto, um grupo de pesquisadores argentinos realizou um estudo pioneiro na cidade de Chivilcoy, província de Buenos Aires, com o objetivo de detectar anticorpos associados à DC e avaliar sua relação com sintomas clínicos e fatores ambientais.
O trabalho, intitulado em inglês “Prevalence of celiac disease-specific antibodies and their association with clinical status and environmental factors”, foi recentemente publicado na revista científica internacional Heliyon.
O estudo incluiu 537 voluntários e analisou a presença de anticorpos como anti-transglutaminase (a-tTg) e anti-gliadina (a-Gli), além de dados clínicos, gineco-obstétricos e de comorbidades. Uma das observações mais significativas foi a relação entre a positividade desses marcadores e a proximidade da poeira ambiental de farinha em áreas próximas a moinhos.
Entre as principais descobertas, destacam-se:
- Uma prevalência de 6,3 % de doença celíaca diagnosticada, superior à média nacional previamente relatada.
- Mais de 30 % da população sem diagnóstico apresentou anticorpos positivos, o que reforça a hipótese de subdiagnóstico.
- As mulheres com DC tiveram, em média, menos gestações.
- Partículas de farinha foram capturadas no ar próximo a moinhos, observadas por microscopia óptica.
Este trabalho levanta a hipótese de que a exposição ambiental à farinha de trigo pode induzir respostas imunológicas que favoreçam o desenvolvimento da doença celíaca ou de sintomas compatíveis, mesmo em pessoas sem consumo direto de glúten.
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O artigo está disponível em inglês e pode ser baixado gratuitamente no site da revista: